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Síndrome de Burnout

A Síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional é um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Tem sido descrita como resultante da vivência profissional em um contexto de relações sociais complexas, envolvendo a representação que a pessoa tem de si e dos outros. O trabalhador que antes era muito envolvido afetivamente com os seus clientes, com os seus pacientes ou com o trabalho em si, desgasta-se e, em um dado momento, desiste, perde a energia ou se “queima” completamente. O trabalhador perde o sentido de sua relação com o trabalho, desinteressa-se e qualquer esforço lhe parece inútil.

O esgotamento reduz a produtividade e consome sua energia, deixando você se sentindo cada vez mais desamparado, sem esperança, cínico e ressentido. Eventualmente, você pode sentir que não tem mais nada para dar.

Segundo Maslach & Jackson, em 1981 e em 1986, e Maslach, em 1993, a síndrome de esgotamento profissional é composta por três elementos centrais:

  • Exaustão emocional (sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo);
  • Despersonalização (reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou cuidados do paciente);
  • Diminuição do envolvimento pessoal no trabalho (sentimento de diminuição de competência e de sucesso no trabalho).
Síndrome de Burnout

Síndrome de Burnout ou Estresse?

Deve ser feita uma diferenciação entre o burnout,  que seria uma resposta ao estresse laboral crônico, de outras formas de resposta ao estresse. A síndrome de burnout  envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, aos clientes, à organização e ao trabalho, sendo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização.

O quadro tradicional de estresse não envolve tais atitudes e condutas sendo um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não de modo direto na sua relação com o trabalho. Pode estar associada a uma suscetibilidade aumentada para doenças físicas, uso de álcool ou outras drogas (para obtenção de alívio) e para o suicídio.

A síndrome afeta principalmente profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato direto com os usuários, como os trabalhadores da educação, da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários, professores, entre outros.

Causas da Síndrome de Burnout

Síndrome de Burnout

Burnout muitas vezes decorre do seu trabalho exaustivo, mas qualquer pessoa que se sinta sobrecarregada e desvalorizada corre o risco de esgotar-se, desde o trabalhador de escritório que não tira férias há anos, até a mãe dona de casa esgotada cuidando dos filhos, do trabalho doméstico e de um pai idoso.

Porém, o burnout não é causado apenas pelo trabalho estressante ou por muitas responsabilidades. Outros fatores contribuem para o esgotamento, incluindo seu estilo de vida e traços de personalidade. Na verdade, o que você faz em seu tempo de inatividade e como você vê o mundo pode desempenhar um papel tão grande em causar estresse avassalador quanto as demandas do trabalho ou da casa. Com relação ao trabalho, essa síndrome pode ser considerada uma doença ocupacional?


Síndrome de Burnout no Ambiente de Trabalho

A relação da síndrome  de  burnout ou  do  esgotamento  profissional  com  o  trabalho,  segundo  a  CID-10, poderá  estar  vinculada  aos  “fatores  que  influenciam  o  estado  de  saúde:  (…)  riscos  potenciais  à  saúde  relacionados com circunstâncias socioeconômicas e psicossociais” (Seção Z55-Z65 da CID-10):

  • Ritmo de trabalho penoso (Z56.3);
  • Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas ao trabalho (Z56.6).

Havendo  evidências  epidemiológicas  da  incidência  da  síndrome  em  determinados  grupos  ocupacionais, sua ocorrência poderá ser classificada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling. O trabalho pode ser considerado fator de risco no conjunto de fatores de risco associados com a etiologia multicausal desta doença. Trata-se de um nexo epidemiológico, de natureza probabilística, principalmente quando as informações sobre as condições de trabalho, adequadamente investigadas, forem consistentes com as evidências epidemiológicas disponíveis.

Sinais e Sintomas

Síndrome de Burnout

A maioria de nós tem dias em que nos sentimos impotentes, sobrecarregados ou desvalorizados – quando nos arrastar para fora da cama requer a determinação de Hércules. Se você se sente assim na maioria das vezes, no entanto, pode estar esgotado.

Burnout é um processo gradual, não acontece da noite para o dia, mas pode se aproximar de você. Os sinais e sintomas são sutis no início, mas pioram com o passar do tempo. Pense nos primeiros sintomas como sinais de alerta de que algo está errado e precisa ser resolvido. Se você prestar atenção e reduzir ativamente seu estresse pode evitar um grande colapso. Se você ignorá-los, você acabará se esgotando.

Sinais físicos:

  • Sentir-se cansado e esgotado a maior parte do tempo;
  • Baixa imunidade, doenças frequentes;
  • Dores de cabeça frequentes ou dores musculares;
  • Mudança no apetite ou hábitos de sono;
Síndrome de Burnout

Sinais emocionais:

  • Sensação de fracasso e insegurança;
  • Sentindo-se impotente, preso e derrotado;
  • Desapego, sentir-se sozinho;
  • Perda de motivação;
  • Perspectiva cada vez mais cínica e negativa.

Sinais comportamentais:

  • Abandono de responsabilidades;
  • Isolando-se dos outros;
  • Procrastinar, levar mais tempo para fazer as coisas;
  • Usar drogas ou álcool em excesso;
  • Descarregar suas frustrações nos outros;
  • Faltar ao trabalho ou chegar tarde e sair mais cedo.

Quadro Clínico & Diagnóstico

No quadro clínico podem ser identificados:

Síndrome de Burnout
  • História  de  grande  envolvimento  subjetivo  com  o  trabalho,  função,  profissão  ou  empreendimento assumido, que muitas vezes ganha o caráter de missão;
  • Sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão emocional);
  • Queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou cuidados do paciente (despersonalização);
  • Queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho.

Geralmente, estão presentes sintomas inespecíficos associados, como insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia, angústia, tremores e inquietação, caracterizando síndrome depressiva e/ou ansiosa. O diagnóstico dessas síndromes associado ao preenchimento dos critérios acima leva ao diagnóstico de síndrome de esgotamento profissional.

O esgotamento também pode causar mudanças de longo prazo em seu corpo que o tornam vulnerável a doenças como resfriados e gripes. Por causa de suas muitas consequências, é importante lidar com o esgotamento imediatamente.

Tratamento e Outras Condutas

Se o estresse constante faz você se sentir impotente, desiludido e completamente exausto, você pode estar no caminho do esgotamento. Aprenda o que você pode fazer para recuperar o equilíbrio e se sentir positivo e esperançoso novamente.

Se você reconhece os sinais de alerta de um esgotamento iminente ou já passou do ponto de ruptura, tentar superar a exaustão e continuar como sempre causará mais danos emocionais e físicos. Agora é a hora de fazer uma pausa e mudar de direção, aprendendo como você pode se ajudar a superar o esgotamento e se sentir saudável e positivo novamente.

Há outras formas de ajudar no tratamento da síndrome de burnout profissional, como a psicoterapia, tratamento farmacológico e intervenções psicossociais. Entretanto, a intensidade da prescrição de cada um dos recursos terapêuticos depende da gravidade e da especificidade de cada caso.

Prevenção

A prevenção da síndrome de esgotamento profissional envolve mudanças na cultura da organização do trabalho, estabelecimento de restrições à exploração do desempenho individual, diminuição da intensidade de trabalho, diminuição da competitividade, busca de metas coletivas que incluam o bem-estar de cada um. A prevenção  desses agravos requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e os de vigilância. É importante  que o paciente seja cuidado por uma equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, que dê conta tanto dos aspectos de suporte ao  sofrimento  psíquico do  trabalhador  quanto dos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho.

Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:

  • Informar ao trabalhador;
  • Examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
  • Notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
  • Providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social;
  • Orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco.

O diagnóstico de um caso de síndrome de esgotamento profissional deve ser abordado como evento sentinela e indicar investigação da situação de trabalho, visando avaliar o papel da organização do trabalho na determinação do  quadro sintomatológico. Podem estar indicadas intervenções na organização do trabalho, assim como medidas de suporte ao grupo de trabalhadores de onde o acometido proveio.

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