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Epicondilite Medial do Cotovelo Pode Ser Considerada Doença Ocupacional?

Esta patologia, também conhecida com cotovelo do jogador de golfe, é uma entesopatia por uso excessivo, que acomete a origem dos tendões dos músculos flexopronadores no epicôndilo medial. As enteses são as inserções das estruturas colágenas, como tendões, ligamentos e cápsulas articulares no osso. Fisiologicamente as enteses estão sujeitas a cargas imensas, mas provavelmente são as cargas repetitivas que provocam as alterações características da entese ou entesopatia que, sendo relativamente avasculares, são vulneráveis á trações repetidas. Epicondilite Medial do Cotovelo

Acometem golfistas, pela excessiva pronação do antebraço durante o movimento do punho na batida da bola. Assim etimologicamente a doença é chamada de “cotovelo do jogador de golfe” provavelmente porque é a pronação forçada e repetida do antebraço que provoca a epicondilite medial na maioria dos casos. O tendão do cotovelo desenvolve rupturas microscópicas nas inserções dos epicôndilos, embora o ponto de maior dor seja no próprio tendão, distalmente ao local de origem do músculo extensor radial curto do carpo (lateral) ou na origem dos tendões flexopronadores (medial). Epicondilite Medial do Cotovelo:

O termo epicondilite implica em inflamação do epicôndilo ou tecido subjacente ao epicôndilo do úmero. A opinião corrente é que a fase inicial do processo é inflamatória e responde bem ao tratamento com AINH e cinesioterapia. Na fase crônica, não existem sinais inflamatórios, é uma tendinose que ocorre como consequência da incapacidade de recuperação do tendão. O quadro álgico é desencadeado por movimentos repetitivos de punho e dedos, com flexão brusca ou frequente, esforço estático e preensão prolongada de objetos, principalmente com o punho estabilizado em flexão e pronação, como por exemplo , nas situações de uso de força da mão “pega forte” ou levantamento de objetos. Na fase aguda os sintomas podem ocorrer mesmo em repouso. Epicondilite Medial do Cotovelo:

A ocorrência isolada da epicondilite medial é pouco frequente , bem como a possibilidade de estar relacionada ao trabalho. Pode ocorrer adormecimento que se irradia para o quarto e quinto dedos, sugerindo envolvimento do nervo ulnar, com fraqueza na força de preensão da mão. Epicondilite Medial do Cotovelo:

Epicondilite Medial do Cotovelo Pode Ser Considerada Doença Ocupacional?

A epicondilite acomete tipicamente pessoas entre os 35 e 50 anos de idade. A incidência de epicondilite medial é duas vezes maior em homens. A epicondilite lateral acomete igualmente homens e mulheres, sendo oito vezes mais ffrquente que a medial. Existem situações domiciliares que provocam tal quadro, bem como nas atividades laborais de pronação forçada e a disfunção são graves, em comparação com a epicondilite lateral.

Fatores de risco ocupacional para cotovelo doloroso:

As causas ocupacionais são na maioria das vezes a combinação de:

  • Combinação de fatores de risco (por exemplo, força e repetição, força e postura): evidência forte;
  • Vibração: evidência insuficiente;
  • Posições forçadas: evidência de baixo risco;
  • Posturas desajeitadas: evidência de baixo risco;
  • Atividades de teclado: evidências insuficientes;
  • Ambiente frio: evidências insuficientes;
  • Tempo de emprego: evidências insuficientes.

Fatores de risco não ocupacionais para cotovelo doloroso:

  • Idade: Evidência insuficiente, risco aumentado na quarta e quinta décadas;
  • IMC: Evidência insuficiente;
  • Sexo: Evidência insuficiente;
  • Fatores biopsicossociais: Evidências insuficientes;
  • Diabetes: Evidência insuficiente;
  • Mão dominante: Evidência insuficiente;
  • Genética: Evidência insuficiente.
Epicondilite Medial do Cotovelo Pode Ser Considerada Doença Ocupacional?

Atividades Laborais e Causas Ocupacionais:

As atividades laborais mais relacionadas a esta patologia, bem como os fatores de risco mais importantes destas causas ocupacionais, segundo melhorn e Ackerman (2008) são: Epicondilite Medial do Cotovelo:

Atividades laborais:

  • Preensão de chaves de fenda;
  • Descascador de fios;
  • Volantes que exigem esforços
  • Transporte ou deslocamento de bolsas ou sacos pesados

Causas ocupacionais:

  • Combinação de:
  • Força
  • Repetividade
  • Posições forçadas
  • Vibração localizada

Exame físico da Epicondilite Medial do Cotovelo:

O diagnóstico é clínico e se baseia na história, exame físico e análise do trabalho. Os exames complementares podem ser a ultrassonografia, ou mesmo a radiografia simples, que pode revelar a calcificação. Ao exame físico, o epicôndilo é doloroso à palpação. As amplitudes articulares de cotovelo permanecem completas. A combinação de dorsiflexão ativa, supinação do antebraço e extensão do cotovelo provoca desconforto medial de cotovelo. A dor é produzida com movimento de pronação resistida de antebraço ou flexão resistida de punho. Dor na pronação resistida do antebraço é o sinal mais fidedigno nos testes de contração isométrica.

Tratamento para Epicondilite Medial do Cotovelo:

Epicondilite Medial do Cotovelo Pode Ser Considerada Doença Ocupacional?

O tratamento pode ser baseado em:

  • Repouso com splint;
  • Medicamentos AINH’s;
  • Infiltrações.

O tratamento fisiátrico, a longo prazo é o mais recomendado, com calor profundo tipo ultrassonoterapia e cinesioterapia após a melhora dos sintomas inicias; baseado principalmente em alongamento e fortalecimento para flexores do punho e dedos, torna o prognóstico favorável. O retorno precoce ao trabalho retarda a resolução da patologia e os casos crônicos refratários ao tratamento, podem demorar vários meses.

Conclusão

As epicondilites, cuja relação com a atividade profissional está bem caracterizada, devem ser classificadas como doenças relacionadas ao trabalho, do grupo II da classificação de Schilling.

A conclusão definitiva depende das conclusões da perícia médica judicial. Uma perícia justa somente existe com bons quesitos, um exame clínico detalhado e um laudo sem favorecimentos. Cada uma das partes pode contratar um médico assistente técnico para evitar a desigualdade na avaliação.

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Referências:

Ladou, J., & Robert Harrison. (2014). Current Diagnosis & Treatment.

Melhorn, J. M., Talmage, I. J. B., Iii, W. E. A., & Hyman, I. M. H. (2014). The American Medical Association (AMA) – disease and injury causation, second edition.

PATOLOGIA DO TRABALHO. René Mendes. Rio de Janeiro: Atheneu, 1996, 643 pp.

COHEN, M. ; ABDALLA, R. J. . Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento. 1. ed. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter Ltda, 2002. v. 1. 915p .

Doenças relacionadas ao trabalho, 67 Série A Normas e Manuais Técnicos 580 (2001). http://scholar.google.com/scholar?hl=en&btnG=Search&q=intitle:Doen?as+relacionadas+ao+trabalho#8

Brasil. (2008). Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho: Portaria n.o 1.339/GM, de 18 de novembro de 1999.