A dor no cotovelo pode assumir características diversas, de acordo com sua causa. Dor localizada na face lateral do cotovelo, pode se irradiar para o braço e/ou antebraço, tem como possíveis causas patologias no compartimento lateral do cotovelo. Está com dores nessa região? Descubra mais sobre epicondilite lateral do cotovelo! Epicondilite Lateral do Cotovelo É Doença Ocupacional?
A epicondilite lateral tem alta incidência na população geral e predomina entre os 35 e 55 anos. Esta patologia também é conhecida como cotovelo de tenista. Dos portadores dela, 95% não praticam esportes. Ambos os sexos são acometidos na mesma proporção e a doença é sete vezes mais frequente que a epicondilite medial.
Os mecanismos etiopatogênicos ainda são obscuros e controversos. Alguns autores acreditam em um fator constitucional, ainda não definido, responsável por tendinites generalizadas de repetição, como a de Quervain. Teorias como a microrruptura degenerativa da origem dos músculos, devida ao envelhecimento, microrruptura traumática da origem dos músculos, devida ao trauma direto ou esforço repetitivo, degeneração do ligamento anular e síndrome do supinador tentam explicar essa patologia. Epicondilite Lateral do Cotovelo É Doença Ocupacional?
Apesar de ser mais conhecida como processo inflamatório, é uma tendinose que ocorre como consequência da incapacidade de recuperação do tendão. Fisiologicamente, as enteses estão sujeitas a cargas imensas, mas provavelmente são as cargas repetitivas que provocam alterações características das enteses ou entesopatia. As enteses são relativamente avasculares e, consequentemente, vulneráveis à tração repetida. A queixa mais frequente é desconforto lateral do cotovelo, algumas vezes irradiando para a face extensora do antebraço, mas raramente associada a desconforto proximal do cotovelo. Epicondilite Lateral do Cotovelo É Doença Ocupacional?
Causas de epicondilite lateral são os esforços excessivos de extensão do punho e dedos, com o cotovelo em extensão, supinação do antebraço e extensão brusca do cotovelo (movimento que os pedreiros fazem ao chapiscar paredes).
A epicondilite lateral tem sido descrita em trabalhadores de fábricas de linguiça, cortadores e empacotadores de carne e de frigoríficos em que se desenvolvam atividades com movimentos repetitivos de dorso flexão (extensão) ou desvio radial de punho, supinação de antebraço, esforço estático e preensão prolongada de objetos, principalmente com punho estabilizado em extensão e supinação repetidas e compressão mecânica de cotovelo.
Fatores de risco ocupacional para cotovelo doloroso:
As causas ocupacionais são na maioria das vezes a combinação de:
- Combinação de fatores de risco (por exemplo, força e repetição, força e postura): evidência forte;
- Vibração: evidência insuficiente;
- Posições forçadas: evidência de baixo risco;
- Posturas desajeitadas: evidência de baixo risco;
- Atividades de teclado: evidências insuficientes;
- Ambiente frio: evidências insuficientes;
- Tempo de emprego: evidências insuficientes.
Fatores de risco não ocupacionais para cotovelo doloroso:
- Idade: evidência insuficiente, risco aumentado na quarta e quinta décadas;
- IMC: evidência insuficiente;
- Sexo: evidência insuficiente;
- Fatores biopsicossociais: evidências insuficientes;
- Diabetes: evidência insuficiente;
- Mão dominante: evidência insuficiente;
- Genética: evidência insuficiente.
exame físico
Ao exame físico, o epicôndilo lateral é doloroso a palpação, bem como nos testes de Cozen e de Mill. O achado padrão é dor na contração resistida dos dorsiflexores de punho, particularmente quando da dorsiflexão resistida do punho com os dedos semifletidos. A dor é reproduzida com movimento de supinação resistida de antebraço ou extensão resistida do punho. Epicondilite Lateral do Cotovelo É Doença Ocupacional?
As epicondilites, cuja relação com a atividade profissional está bem caracterizada, devem ser classificadas como doenças relacionadas ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling. epicondilite lateral do cotovelo
Quadro clínico e diagnóstico para Epicondilite Lateral do Cotovelo:
Na epicondilite lateral, o quadro clínico caracteriza-se por dor em epicôndilo lateral ao apanhar objetos ou à dorso-flexão e supinação de punho em contra-resistência.
O diagnóstico é clínico, podendo ser auxiliado por radiografias simples (calcificação em tendão de extensor comum) e ultra-som. Recomenda-se excluir compressão do nervo radial, sobretudo em casos que não respondem à conduta clínica estabelecida.
O diagnóstico baseia-se em:
- História clínica e exame físico;
- Análise do trabalho.
Tratamento e outras condutas
O tratamento pode ser baseado em:
- Repouso com tipóia ou splint;
- AINE’s;
- Fisioterapia;
- Infiltração medicamentosa;
- Após melhora dos sintomas, estão indicados exercícios de amplitude de movimentos, alongamentos para diminuir contraturas em flexores e fortalecimento para flexores de punho e dedos.
O uso de splints deve ser limitado, porque altera a destreza e pode limitar temporariamente a habilidade do indivíduo de levantar e carregar objetos pesados, equipar equipamentos ou realizar outras tarefas que necessitem o uso de ambas as mãos. Uma avaliação ergonômica do local de trabalho pode ser útil.
O tratamento fisioterapêutico, dependendo do grau da lesão, a longo prazo é o mais recomendado, com calor profundo tipo ultrassonoterapia e cinesioterapia após a melhora dos sintomas inicias; baseado principalmente em alongamento e fortalecimento para extensores do punho e dedos, torna o prognóstico favorável. O retorno precoce ao trabalho retarda a resolução da patologia e os casos crônicos refratários ao tratamento, podem demorar vários meses.
Prevenção para Epicondilite Lateral do Cotovelo:
A prevenção das entesopatias relacionadas ao trabalho requer avaliação e monitoramento das condições e dos ambientes de trabalho, particularmente do modo como são realizadas as tarefas, as atividades que envolvem movimentos repetitivos, esforço estático e preensão prolongada de objetos, extensão brusca de cotovelo etc, como em trabalhos com:
- Ferramentas (chaves de fenda);
- Condução de veículos cujos volantes exigem esforço;
- No transporte ou deslocamento de bolsas ou sacos pesados;
- Trabalho de chapisco de pedreiros;
- Cortadores em fábricas de alimentos e frigoríficos;
- Empacotadores de carnes.
Requer uma ação articulada entre os setores assistenciais e os de vigilância.
É importante que o paciente seja atendido por uma equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, capacitada a lidar e a dar suporte aos sofrimentos físico e psíquico do trabalhador e aos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho. A intervenção sobre os ambientes de trabalho deve basear-se na análise criteriosa e global da organização do trabalho, que inclui:
- Análise ergonômica do trabalho real, da atividade, do conteúdo das tarefas, do modo operatório e dos postos de trabalho, do ritmo e da intensidade do trabalho, dos fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho, das normas de produção, dos sistemas de turnos, dos sistemas de premiação, dos incentivos, dos fatores psicossociais, individuais e das relações de trabalho entre colegas e chefias;
- Medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas;
- Estratégias de defesa, individuais e coletivas, adotadas pelos trabalhadores.
Recomenda-se observar a adequação e o cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO(NR 7), segundo a Portaria/MTb n.º 3.214/1978, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios.
Para promoção da saúde do trabalhador e prevenção das entesopatias relacionadas ao trabalho, devem ser observadas as prescrições contidas na norma regulamentadora 17, que estabelece parâmetros para avaliação e correção, do ponto de vista ergonômico, de situações e condições de trabalho. É importante garantir a participação dos trabalhadores e a sensibilização dos níveis gerenciais para a implementação das modificações na organização do trabalho.
O exame médico periódico visa à identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença, por meio de:
- Avaliação clínica, com pesquisas de sinais e sintomas por meio de protocolo padronizado e exame físico acurado;
- Exames complementares orientados pela exposição ocupacional;
- Informações epidemiológicas.
Mais importante do que a realização de exames complementares são as pesquisas de sinais e sintomas dolorosos, sobrecarga de estruturas músculo-esqueléticas, sintomas neurovegetativos, psíquicos, e um exame físico criterioso para a detecção precoce dos casos. Recomenda-se o monitoramento clínico por meio da aplicação de instrumentos padronizados de pesquisas de sintomas referidos. Não está justificado o uso de exames de imagem (RX e outros) nos exames pré-admissionais e periódicos. Aplicam-se somente nos casos em que é necessário firmar diagnóstico e realizar diagnóstico diferencial.
Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- Informar ao trabalhador;
- Examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- Notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- Providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social;
- Orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco;
- Articular entre os setores de assistência, de vigilância e aqueles que irão realizar a reabilitação física, profissional e psicossocial.
É importante o acompanhamento do retorno do trabalhador ao trabalho, na mesma atividade, com modificações ou restrições, ou para outra atividade, de modo a garantir que não haja progressão ou agravamento do quadro.
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Referências:
Melhorn, J. M., Talmage, I. J. B., Iii, W. E. A., & Hyman, I. M. H. (2014). The American Medical Association (AMA) – disease and injury causation, second edition.
PATOLOGIA DO TRABALHO. René Mendes. Rio de Janeiro: Atheneu, 1996, 643 pp.
COHEN, M. ; ABDALLA, R. J. . Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento. 1. ed. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter Ltda, 2002. v. 1. 915p .
Doenças relacionadas ao trabalho, 67 Série A Normas e Manuais Técnicos 580 (2001). http://scholar.google.com/scholar?hl=en&btnG=Search&q=intitle:Doen?as+relacionadas+ao+trabalho#8
Brasil. (2008). Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho: Portaria n.o 1.339/GM, de 18 de novembro de 1999.
Diretor da PericialMed
Médico Perito (CRM 18.666)
Especialista em Perícia Médica (RQE 17972)